Ainda
hoje, pouco se fala sobre os temas “Amizade, Sexualidade, Namoro e Matrimónio” no contexto religioso. Existem inúmeros tabus a volta
desses assuntos, e hoje vos deixo aqui alguns subsídios para reflexão pessoal. Há
muito que se falar sobre estes temas, mas aqui vos deixo algumas pistas frutos
de testemunhos que recolhi em momentos de debates e conversa entre jovens.
Amizade! De uma forma geral
não acredita-se que um rapaz e uma menina possam ser apenas amigos; por mais
verdadeira que seja a relação entre eles, tal relação é vista com ar de
desconfiança. Afirma-se que um dos motivos seja a falta de credibilidade nos
rapazes em geral, porque no nosso país se estimula muito a cultura do “pegador”
(da promiscuidade).
Tal instrução machista normalmente
por parte do pai, incute aos rapazes de que as raparigas são suas presas; com certeza
conhecem a famosa expressão “cabra marado bodeco na txada”. E aquele que não
pega todas é rotulado de “mufino” ou que não é macho. Há quem prega que o homem
não tem “amigas”, e que na sua caçada só escapa a mãe e as irmãs.
Do ponto de vista cristão um
jovem rapaz não deve ter essa consciência e nem deve praticar esses
ensinamentos ou fazer de acordo com o costume, tem de marcar a diferença e imitar
a São José, que é exemplo de seriedade, castidade e compromisso, que amou,
respeitou e recebeu Maria como esposa. Por outro lado, por mais que não se
acredita, existe sim, a amizade entre os géneros, e deve ser desmistificado todo
o tabu a volta disso.
O Papa Francisco recomenda
que os temas “Sexualidade e Sexo” sejam abordados abertamente e sem tabus. O
Papa afirma que a sexualidade, o sexo é um dom de Deus, um dom que o Senhor nos
dá cujo propósito é amar e gerar vida.
Do ponto de vista
educacional, afirma-se que a omissão destes assuntos podem ter consequências devastadoras,
visto que adolescentes e até jovens em busca de informações acabam absorvendo-o
em qualquer sítio, por qualquer pessoa e em qualquer circunstância, e corre o
risco de atrair para si uma série de situações prejudiciais à sua sexualidade,
nomeadamente: o início precoce da vida sexual, a banalização do sexo e do
corpo, a exploração sexual, pedofilia (em caso de menores) e abusos sexuais, a
gravidez precoce, as doenças sexualmente transmissíveis, além de traumas
físicos e psicológicos.
Portanto a Igreja também
deve ser escola para a sexualidade na sua verdadeira essência: a dimensão do
amor entre homem e mulher por toda a vida, como refere o nosso Papa Francisco,
a união do homem e da mulher numa só fé do matrimónio!
Namoro! Mas do em qualquer
outro ambiente os jovens cristão devem pautar pela vivência da fidelidade em
qualquer relação, seja de amizade, seja no namoro ou no matrimónio. No entanto questiona-se,
porque é que frequentemente quando um rapaz está comprometido repentinamente
aparecem-lhe raparigas interessadas nele, e no entanto o mesmo não acontece
quando este está sozinho?
Afirma-se que o mesmo
acontece com as raparigas, isto é, rapazes que as perseguem mesmo sabendo que
são comprometidas. O contexto cristão não está imune a esse tipo de
ocorrências, e até aparenta ser mais frequente. Existem aqueles que mesmo
conscientes de que enquanto cristão tal comportamento é errado, insistem em ameaçar
a relação amorosa entre o casal de namorados.
Muitos dos nossos jovens afirmam já ter
vivenciado estas situações. E nestas circunstâncias aconselha-se a perseverança
da fidelidade no namoro e a franqueza da repreensão a qualquer tipo de atitude
ou ato provocativo por parte da pessoa “supostamente” interessada. Quase
sempre, estas pessoas perdem o interesse logo após destruírem a relação do
casal de namorados, ou seja, a pessoa dá a conhecer a sua verdadeira intenção.
Rapaz, seja fiel a sua parceira, rapariga seja fiel ao seu parceiro e ambos
sejam fiéis aos seus sentimentos.
Também se questiona sobre a
relação entre um jovem “di Igreja” e um jovem “di mundo”. Uma das justificações
dadas sobre, foi que muitas vezes os jovens ditos “di mundo” são mais bem-intencionados
do que aqueles que supostamente deveriam ser, neste caso os jovens “di Igreja”.
Uma outra justificação pende
mais pelo lado feminino, como referiu uma colega: que as raparigas se atraem
mais por rapazes cujo comportamento está fora do padrão cristão, desafiando a
si própria a modificá-lo, e que se sentiriam realizadas com tal proeza.
Uma outra na mesma linha
está relacionado com o fato de que os rapazes “di Igreja” mesmo com a
consciência de que a união entre o homem e a mulher no âmbito religioso é
consumado através do sacramento do matrimónio, estes invalidam esta hipótese,
enquanto alguns rapazes “di mundo” dão importância e até demonstram interesse
mesmo que pouco esclarecidos sobre, e outros começam a considerar esta proposta
depois de um bom tempo de relacionamento com a parceira cristã.
Ainda, se apontam outras razões: no decorrer
da convivência religiosa acostumam-se a se verem apenas como amigos ou até como
irmãos naturalmente, por outro lado existem situações em que rapazes e raparigas
são condicionados a se relacionarem como irmãos.
E o que leva muitos jovens,
tanto rapazes como raparigas, a invalidarem a possibilidade do matrimónio é a
falta de credibilidade neste sacramento, visto que muitos casais vivem uma vida
conjugal infeliz outros até se separam após anos de vida conjugal, ou então
hoje em dia em que muitos casam hoje e se separam amanhã. Quanto a isso é
preciso ter fé, perseverança, fidelidade na relação, planear, viver
correctamente cada fase da vida a luz da doutrina cristã, rezar e não apressar
as coisas.
Finalizo apelando que seja
proporcionada momentos de debate sobre estes temas, para orientar e sobretudo
esclarecer dúvidas, partilhar experiências, a fim de munir os jovens de
informações face aos desafios do mundo de agora.
Testemunho:
Yanick Araújo
SakutaJovem