Chamados a
viver em época de excesso, sempre perto dos limites do que ainda é humano, do
respeito pela vida, pela dignidade e pela liberdade da pessoa humana os
cristãos podem abdicar, capitular, ou, então afirmar, sem ofensa dos demais, a
sua fé crença nos valores e princípios que orientam a sua vida na terra.
Vivendo os horrores da ditadura militar, não desfaleceu nem desanimou. Ergueu
sempre a bandeira da dignidade e da moralidade cívica, e com uma fé
inquebrantável, derrubou a falácia sem violência.
Francisco,
reconhecendo que a igreja, servida por homens errou e reincidiu no erro,
esquecendo muitas vezes a sua missão na terra e o serviço ao homem e cada um
dos homens, explicou os motivos do arrependimento e pediu perdão com humildade
e pureza de coração, pelos erros e más ações da igreja. Para os familiares da
vítima, para os grupos prejudicados e discriminados por atitudes e preconceitos
que a igreja ratificou e efetivou através de homens do clero, infiéis.
Abriu-se, no entanto, um caminho, e acendeu uma luz, com um valor enorme: Já
não se pode tolerar mais que em nome de Cristo e da Igreja se sacrifique aquilo
que Deus mas amou: O homem.
A atitude do Papa, sejam quais foram os adjetivos
com que queiram qualifica-la, repõe a Igreja no caminho do Cristo do Amor e do
Perdão. Por isso constatada a negligência da hierarquia na denúncia dos padres
pedófilos, que aproveitaram a confiança neles depositados pelos pais,
comunidade e pela igreja para cometerem um dos crimes mas abomináveis do nosso
tempo, O Papa pede perdão às vítimas. Mas o Papa sabe que é preciso mais.
Sabendo que a igreja é composta por homens, sempre haverá o risco de acontecer
tudo que é do homem, mas a confiança que estrutura a relação dos crentes com a
igreja não pode ser abalada pela inercia negligente dos bispos envolvidos. O
Papa agiu reagindo, e nos temos de fazer o resto.
O Papa nas
questões humanas, quando decide fica sujeito a criticas, sobretudo dos clérigos
e leigos católicos. Francisco iniciou o regresso dos leigos à plena
participação na comunidade que é igreja. Os passos dados garantem aos católicos
que a vivência do seu testemunho de fé no mundo e na igreja é livre, apenas
limitado pelos dogmas e exigências morais que disciplinam a prática religiosa.
Neste 2 anos de pontificado, vejo nele um exemplo de coragem, mudando o
possível, lutando pelo «impossível», vencendo resistências a mudanças,
afirmando verdades em tempos difíceis e em lugares «proibidos», muitas vezes
contra vontade dos que ouviram. Fossem eles os dirigentes da política,
exploradores dos pobres, os egoístas da sociedade laica de consumo e do mito da
felicidade mundana. Fê-lo em vigor e rigor, dizendo-o aos cristãos de todo
mundo nas suas muitas viagens. Peregrino, sofrendo com doença e idade, vai por
todo lado dizendo que esta ali como Pedro, para dizer que Cristo esta em cada
um que sofre.