Entrevista é uma rubrica mensal do nosso blog, e, que convidaremos um jovem para uma conversa saudável e de jovem para jovem. A nossa primeira entrevistada é a jovem deputada Graça Sanches. Ela que fez sua juventude perto de grupos de jovens na paróquia de Nossa Senhora da Graça, tendo inclusive participado na JMJ Roma 2000 no ano do grande Jubileu. Confira a entrevista sobre a faceta politica da jovem, e não só!.
Juventude
Diocesana: Conte-nos um pouco de si e dos valores que carrega.
Graça Sanches:
Desde criança que carrego comigo um dos valores mais importantes na minha vida,
que é a minha Família, é algo que não tem preço e que para mim está acima de
tudo. Todo o resto tem a família como base. Valores como a partilha, Humildade,
Respeito e União advieram da minha família.
JD: Fale
um pouco da tua trajectória. Como se preparou para ser deputada?
GS: Não tive
nenhuma preparação específica para ser Deputada. Eu sempre acompanhei de perto
a vida política em minha casa através da minha família, mas não escolhi logo
entrar no partido, inclusive eu lembro-me que participava em comícios de vários
partidos. Quando terminei o curso e regressei a Cabo Verde, comecei a
participar nas actividades da Juventude do PAICV e aí senti-me a vontade para
escolher que queria ficar no PAICV. Entretanto, em 2008 fui convidada para
lista na Camara Municipal Praia como Veradora e a partir daí comecei a
intensificar a minha acção politico-partidária, até que em 2011 vim para o
Parlamento.
JD: Apesar
do descrédito que alguns têm quanto à política, você optou por esse caminho. Por
quê?
GS: Eu na
altura que me chamaram para vir ao Parlamento, era Directora Educação
Pré-escolar e Básico e lembro-me de ter falado com a Ministra e estava um pouco
indecisa se deixava de lado a minha carreira profissional para fazer politica a
tempo inteiro, mas ouvindo várias pessoas acabei por optar pelo Parlamento.
Achei que seria uma forma de dar a minha colaboração para o País, mostrar as
minhas ideias e continuar a trabalhar numa área que eu gosto que é a Educação.
Por outro lado, quis aproveitar a oportunidade e a confiança que o meu partido
depositou em mim, acreditando que eu seria uma mais-valia, aliás alguém me
teria dito que “ seja no Ministério, seja no Parlamento, eu seria uma pessoa
útil” isso me deixou a vontade para escolher.
JD: O
que fazer para que o jovem tenha voz nos partidos, nos movimentos sociais e na sociedade
em geral?
GS: Olha as
mudanças acontecem com a nossa atitude e o nosso comportamento. Eu tenho feito
um esforço para servir de inspiração para os jovens cabo-verdianos com o meu
trabalho. Dedico inteiramente ao Parlamento. Ao contrário do que as pessoas
pensam eu tenho uma agenda cheia todos os dias. È com essa agenda de trabalho
que eu tenho feito eco junto do meu partido para que mais jovens recebam a
confiança e a oportunidade que eu recebi.
JD: Como
conciliar a burocracia nas instituições públicas com a pressa dos jovens em transformar
a sociedade?
GS: Aí esta
o grande problema…não podemos querer as coisas desta forma. Não considero que
seja burocracia, penso que cada coisa acontece ao seu tempo e quando fazemos o
nosso trabalho somos chamados onde quer que estejamos. Outra coisa diferente
são algumas injustiças que reconheço que as vezes acontecem, casos pontuais.
JD: Que
dificuldades você encontra na sua actuação?
GS: Eu acho
que a maior barreira tem a ver com a mentalidade das pessoas acharem que os jovens
não tem maturidade ou experiência para assumir determinadas funções. Um outro
aspecto tem a ver com o facto de sermos mulheres e isso ainda constitui alguns
obstáculos, mas, eu pessoalmente não tenho tido grandes problemas, muito pelo
contrário, dentro do meu partido sempre tiver vez e voz.
JD: Você se
sente uma pessoa realizada na política?
GS: Ainda
não… tenho sonhos, tenho projectos que ainda não concretizei, mas sinto-me uma
profissional feliz porque faço aquilo que gosto.
JD: Por que os jovens devem participar na
política, votar e participar do processo eleitoral?
GS: Todos
nós devemos participar. A primeira forma de ajudar o nosso país é escolher bons
governantes e essa responsabilidade é nossa, ainda mais num país com a maior
parte da população jovem. Devemos participar para termos voz e ajudarmos na
definição de políticas sectoriais para os jovens e devemos participar, porque
ficando de fora não estaremos a ajudar, mas sim, a contribuir para a nossa
sociedade seja ´débil de cidadania.
JD: Que mensagem deixa para os jovens e
estudantes quanto à participação política e na sociedade?
GS: Primeiro
devemos aproveitar bem as oportunidades que nos aparecem, pois a partir daí
estaremos a construir uma imagem positiva para que mais jovens possam ter
chances. Depois a única forma de fazer valer o que nos vem na alma é
participando e estando presente, por último, acho que temos jovens criativos,
inteligentes, empreendedores e que bem aproveitados nas suas potencialidades
serão uma mais-valia para o país.
JD: Para finalizar mesmo diga algo sobre a
criação do Cardeal D. Arlindo Furtado.
GS: Bem, sou
uma pessoa suspeita para falar disso,,(risos).. mas penso que é o
reconhecimento do trabalho que o País vem fazendo em especial deste grande
homem, que tem sido um exemplo de humildade. Isso justifica o facto de que,
quando nos empenhamos no nosso trabalho seremos sempre reconhecidos. Representa
também uma grande responsabilidade para Cabo Verde e para Igreja e acredito que
seja algo meritório e que não aconteceu por acaso.