Para mim ser escuteiro é
estar sempre à escuta e disposto para servir sempre que for necessário, nas
situações do dia-a-dia, quer em casa, na escola, no trabalho, na sociedade ou
na Igreja, ou seja, em qualquer lugar e circunstância. É ser um observador atento
para poder identificar situações, pensar e estar pronto para intervir em tudo
aquilo que for preciso e necessário para o bem comum, para o bem do próximo. É
estar alerta para agir.
Para mim ser escuteiro é
algo que me complementa, que vai de encontro com aquilo que sempre desejei ser
e tenho sido desde a infância, mesmo não conhecendo a filosofia do escutismo.
Isto porque em toda a minha vida antes de me tornar escuteiro eu sempre fui uma
pessoa que preza muito pela organização, pela beleza da ordem, do bem-fazer as
coisas para que tivessem utilidade e impacto positivo na vida do próximo.
Cresci numa família
numerosa, na qual sempre fomos educados e instruídos a sermos organizados,
esforçados e responsáveis, começando em casa com as tarefas domésticas, e aos
poucos cresceu em mim o sentido de responsabilidade e de serviço, e o interesse
em fazer cada vez mais, do meu próprio jeito e de uma forma que deixasse o
ambiente mais saudável e mais confortável.
A exemplo dos meus pais, que
sempre foram verdadeiros batalhadores, que com muito sacrifício e muita
dificuldade se esforçaram para criar-nos a todos e dando-nos as mesmas
oportunidades, principalmente na educação, para que fossemos alguém na vida,
aprendi a valorizar o sacrifício, e a fazer sacrifícios.
Na escola sempre me
incentivaram a ser um bom aluno, a comportar-me como deve ser em qualquer
lugar. A educação que recebi me ajudou a tornar na pessoa que sou hoje, e hoje
eu identifico muito isso com o “ser escuteiro”, porque ser escuteiro é isso. É
ser uma pessoa de bem, de serviço, disposto a ajudar, ser educado, verdadeiro
cidadão, pessoa de moral, valores e princípios, que ama e respeita os outros,
sempre alegre e optimista, que sabe colaborar com amor, e que nunca se cansa e
nem espera por recompensas.
Portanto é um sentimento
genuíno, e que só era preciso despertar aquele escuteiro que havia em mim.
Atrevo-me até a dizer que é algo genético, que aos poucos foi se desenvolvendo,
tomando forma, e clareando aos poucos, mas que o seu significado só veio a se
esclarecer quando tive os primeiros contactos com o escutismo no Agrupamento de
Escuteiros São Francisco de Assis de Achadinha. Eu era um completo ignorante no
tema quando entrei para o movimento escutista, e lá eu fui adquirindo
conhecimentos acerca da história, fundação, leis e princípios, métodos e
técnicas de ensino-aprendizagem e questões mais práticas.
Na escola sempre tive um
espírito inquieto, levando jeito com coisas como teatro, música, dança,
brincadeiras, histórias, anedotas, advinhas, piadas, ou seja, como uma
inquietude sempre com boa disposição de espírito, que transmitia alegria aos
colegas.
Não tendo ainda conhecido a
história do fundador do escutismo, Baden Powell, quando a conheci me abriu até
um sorriso, porque eu não sabia o que era ser escuteiro mas se calhar eu já
tinha espírito de escuteiro desde pequeno, só não tinha a noção de que aquilo
que eu estava a ser e fazer era próximo daquilo que é ser escuteiro.
Acredito que há muita gente
como eu neste mundo, gente de boa-fé e boa vontade, que é tudo aquilo que eu
referi, mas que nunca teve contacto com o escutismo, que se calhar ao terem
essa experiência vão se identificar muito e vão amar ser escuteiro.
Porque comprometer-se como
escuteiro abre-nos a consciência de que aquilo que somos e fazemos mesmo sem
saber, foi um ideal criado e defendido por alguém que acreditava que ser
escuteiro é ser mais e melhor, é ser o melhor ser humano possível, e isso me
gratifica.
E hoje digo que o escutismo
não mudou a minha vida, mas tornou-a melhor porque ao entrar no movimento, ao
conhecer toda a teoria e prática, tomei a consciência do
espírito que já existia em mim e percebo que tudo se maximizou ainda mais.
Iniciei a minha vida
escutista no AESFA em maio 13 de 2017, e nesse período aprendi muito e cada vez
mais me identificava com o carisma do movimento escutista, e descobria o
verdadeiro significado daquele sentimento que eu tinha e não sabia explicar. Hoje,
domingo 23 de dezembro, na paróquia Imaculada Conceição, no Bairro Craveiro
Lopes, pelas 16 horas vou fazer a minha promessa, me comprometendo
definitivamente e para toda a vida com este ideal.
Ser escuteiro católico é ter
Jesus como modelo a seguir, é amar sem distinção, é doar-se gratuita e
incessantemente ao próximo, é pensar e agir para o bem comum, é ser amigo e
irmão. Ser escuteiro é ser e dar o melhor de si para um mundo um pouco melhor
do que encontramos. Eu amo ser escuteiro.
Sakuta Jovem
Yanick Araújo